terça-feira, 11 de outubro de 2011

A primeira vez (conto)



Ela entrou no quarto devagar, seus olhos curiosos avaliando cada detalhe do lugar. Parou em frente à cama larga, redonda, com lençóis alvos e limpos que exalavam um perfume suave e almofadas grandes e acetinadas, convidativas, que pareciam despudoradamente proclamar o motivo de estarem ali, o que a fez sentir-se ainda mais sem graça.
Ficou ali, estática, apenas a cabeça se movia devagar, o olhar passeando no ambiente, descortinando cada canto, cada objeto, os braços semicruzados, as mãos afagando-se mutuamente num gesto de nervosismo e ansiedade, típicos de quem não sabe exatamente como se comportar diante de uma situação.
Ele fechou a porta atrás de si. Ao vê-la assim, deu um largo sorriso. Não havia sarcasmo nem crítica, apenas compreensão. Não se aproximou dela, pelo contrário, afastou-se em direção ao banheiro, em silêncio. Deixou a porta entreaberta, abriu a torneira e pôs-se a lavar as mãos, lentamente, num tempo muito maior que o necessário, esperando que os gestos cotidianos a deixassem mais à vontade.
Virou a cabeça levemente para olhá-la. Ela agora caminhava vagarosamente pelo quarto, tocando alguns objetos com delicadeza, quase com cautela, como se fosse ser repreendida pelo ato. Ele sorriu mais uma vez. Sabia o quanto esse momento era especial para ela e aguardou pacientemente enquanto durava sua excursão.
Então ela parou em frente a ele, as mãos ainda unidas, o rosto olhando para baixo, calada. Ele pegou aquelas mãos delicadas de pele tão fina e envolveu-as nas suas: estavam frias e um pouco trêmulas. Ela olhou-o nos olhos e ele percebeu o rubor em sua face, a respiração rápida, e um belo par de olhos ligeiramente úmidos que refletiam o conflito de sentimentos que se passava em seu coração.
Ele acariciou seus cabelos ternamente. A mão desceu para o rosto, pescoço e colo, com suavidade. Podia sentir a tensão e o prazer que causava em sua pele, enquanto ela fechava os olhos e estremecia ao seu toque. Ele beijou-a nos lábios, suavemente. Afastou-se um pouco para olhá-la. Ela então abriu os olhos e o desejo que ele viu ali causou-lhe um calor intenso no peito, a formigar-lhe até a garganta. Encorajada pela carícia recebida, ela puxou-o para si, desajeitadamente buscando seus lábios, suas mãos apertando-lhe as costas, quase desequilibrando-o numa tentativa de arrancar-lhe a camisa tão cuidadosamente arrumada dentro da calça de linho.
Por sua vez ele buscava o segredo dos pequenos e redondos botões de pérola atrás da sua blusa de renda, que teimavam em escorregar por entre seus dedos ansiosos e suados, aflitos por esperarem tanto.
Enfim, chegaram ao leito, ainda com suas roupas mais íntimas. Ela reagiu quando ele tentou despi-la do que ainda lhe restava no corpo, como se isso fosse o último vestígio de pudor a resguardar-lhe a castidade. Mas ele insistiu docemente e ela cedeu, não sem sentir o rosto arder em brasa.
Entre carinhos e sussurros, o amor aconteceu. Sem pressa, sem cobranças, sem fantasias. O amor como um encontro de desejos, há muito acalentados desde que eram muito jovens e seus pais proibiram seu namoro por não aprovarem a moça tão simples para os padrões da família de muitas posses.
Ele fora mandado para outra cidade distante com o objetivo de estudar, não mais voltando a vê-la. Lá conhecera outra jovem e, sem a objeção da sua família, com ela casara, tivera filhos e, recentemente, dela enviuvara. Agora, passado quase meio século, ao voltar para sua cidade natal, reencontrara aquela que fora seu amor de outrora, ainda sozinha, com a mesma singela beleza que o encantara um dia, não obstante o tempo implacável lhe tivesse levado pouco a pouco o frescor de seus melhores anos.
Naquela tarde, depois de tantos anos, deitados e abraçados na cama de um motel, selavam enfim o amor que suas almas um dia escolheram, porque muito embora o corpo padeça e sucumba às transformações impostas pelo peso do tempo, a essência do ser permanece e só se realiza na entrega espontânea do que lhe é mais sublime.


Mabel Amorim

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Bienal de Alagoas

Estarei participando da Bienal do Livro de Alagoas no dia 22/10/11 às 14:00h com a palestra "Literatura entretenimento: a conquista do leitor", abordando a literatura contemporânea e a construção de um livro que agrade os leitores.
Após a palestra, estarei no estande da BEABÁ livros, autografando meus livros "A última chance" e "Os segredos do sótão".
A propósito, "Os segredos do sótão" foi mostrado ontem, na vitrine do Programa do Faustão.

Em breve, mais novidades sobre a Bienal.

Abraços.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Poema para Sofia

Fiz esse poema para uma criança especial que aguardava seu nascimento. Agora, ela já está em outro plano mas deixou sua história escrita nos corações que a conheceram.

Poema para Sofia

Da união de metades
Forma-se a unidade
Plena, absoluta, perfeita
Mas a unidade não está tão sozinha.
Nesse berço morno e macio do ventre, ela espreita
Fora dele muitas almas a aguardam
Numa doce expectativa de conhecer a sua face
E é esse amor que também a alimenta
Apesar de ainda em formação, a natureza em sua sabedoria
Trabalha pacientemente no pequeno broto de vida
Transformando-o num ser amado de nome Sofia.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Despedida II

Chove. Uma lágrima escorre. A porta da frente bate. O carro sai. Os olhos acompanham. O silêncio grita. A alma se enluta. Ela está só.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Palavras fugidias

Tem dias que as palavras criam pernas. Cada letra com seu par de perninhas e lá vão as palavras como pequenas e céleres centopeias, fugindo da mente e se escondendo nos pequenos vazios do pensamento, entre uma e outra ideia. E aí ficamos com a cabeça vazia, perdidos, atônitos, sem saber exatamente o que escrever, o que contar, o que falar, enquanto elas, as palavras, riem escondidas da nossa angústia, e não riem baixinho, dá pra ouvir o som de suas risadas, de suas conversinhas de comadres, divertindo-se com tanta falta de jeito que ficamos para encontrá-las.

Mas com um pouco de paciência e persistência acabamos por descobrir seu esconderijo e conseguimos fisgá-las, uma a uma, e vamos arrumando-as numa ordem que expressa a nossa vontade, o nosso desejo, a nossa voz. E, apesar do deboche inicial, elas parecem felizes juntas, dando sentido aos apelos da nossa alma.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Colo de mãe

Filhos... vão crescendo e se desapegando do colo da mãe e só quando são adultos e tem seus próprios filhos é que percebem que colo de mãe não esfria nunca, está sempre à espera.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Letras e Saberes

Nunca havia percebido quantos livros possuía até o dia em que precisei retirá-los das prateleiras para pintar as paredes do escritório. Forrei o chão do meu quarto com um lençol e comecei a depositá-los, empilhados, clássicos e contemporâneos, nacionais e estrangeiros, didáticos e de entretenimento, todos juntos numa comunhão de letras e saberes.
Olhando aqueles livros lembrei os momentos de encantamento que vivi entre suas páginas: a impressionante saga dos Buendia, o fascínio que a pintura de Basil provocou no jovem Dorian Gray, os tantos porquês que atormentavam a mente da criação de Victor Frankestein, a sofrida trajetória de Fantine e Cosette, a obstinação de Liesel Meminger, o pulso de ferro de Kate Blackwell, a esperança da jovem Anne Frank, o sangue frio de Richard Hickock e Perry Smith, a doçura de um pequeno príncipe, a paixão cega de um mouro.
Muitos me ensinaram, tantos me emocionaram, poucos me decepcionaram, alguns não conseguiram sequer atrair minha atenção, deixando-me apática desde as primeiras palavras mas nenhum passou incógnito, indiferente pela minha vida. Suas páginas, capas, orelhas, sinopses marcaram uma época, um momento.
Ao recolocá-los nos seus lugares, exercito a memória, preenchendo a mente com suas histórias e não resisto, acabo folheando um ou outro, buscando este ou aquele trecho marcante, favorito e sentindo um prazer ainda maior do que da primeira vez, como um reencontro com alguém muito querido que há muito não vemos e que nos traz à tona reminiscências do que se viveu de bom.
Acabada a tarefa de guardá-los, limpos e arrumados, compartilhando suas essências, contemplei-os ainda, encostada na porta, com o olhar silente e satisfeito de quem aprecia o belo.

terça-feira, 5 de abril de 2011

A frágil linha da razão

A linha da razão é fina e frágil. A mente, forte e poderosa usina de ideias, se deteriora sob o ataque de doenças degenerativas, que corroem a memória e a alma de suas vítimas.

É triste ver alguém que amamos, que outrora foi lúcido e ativo, mergulhar nas brumas do esquecimento, dos delírios, das visões distorcidas da realidade.

É ainda mais triste e inquietante quando você percebe que não pode fazer muita coisa pra impedir esse processo. Cabe então a nós minimizar a situação com paciência e dedicação, tornando a vida mais amena e suave.

terça-feira, 29 de março de 2011

Passagem de José Alencar

O medo transformado em coragem

A angústia convertida em fé

Olhos que se fecham e enxergam o infinito

Palavras nunca ditas perdidas na muda passagem

A essência, imperecível, volta à origem.

sábado, 12 de março de 2011

Maria

- Qual o seu nome?
- Maria.
- Maria de quê?
- Maria, só Maria.
Até isso a sorte lhe negara. Nascer só Maria, sem mais nada a lhe acompanhar. Poderia ter vindo das Graças, quem sabe lhe abençoasse, ou ainda de Fátima, das Neves, da Anunciação, até Maria José ela aceitaria de bom grado, apesar de não gostar da ideia de nome de Homem junto com nome de mulher. Só não queria Maria das Dores, porque se tinha algo demais na sua vida eram dores, de todo tipo e intensidade.
Desde que se lembrava que era gente, embora às vezes chegasse a duvidar que fosse mesmo, ela conhecia algum tipo de dor.
Dor da perda do pai, quando, há dez anos, ele partiu para trabalhar na capital e morreu atropelado na rua em frente à rodoviária, no mesmo dia em que desembarcou por lá. Ia talvez com a cabeça cheia de sonhos e não percebeu o carro que se aproximou velozmente e o arrebatou de seus pensamentos quando ele atravessava a rua em passos lentos, o olhar perdido em planos do que compraria com o parco salário que iria receber.
Dor pela dor da mãe, que ficou sozinha com seis filhos pequenos, sendo ela, Maria, a mais velha, embora esse título parecesse uma ironia diante dos seus oito anos recém completados e sua silhueta franzina.
Dor da fome, do desespero, da humilhação, do desengano, da solidão. Todas as dores Maria já sentiu, ou melhor, quase todas. Faltava a dor do parto mas essa ela já começara a sentir desde a noite passada, quando a barriga já tão esticada, parecia querer rasgar-se para trazer ao mundo aquela criança.
- Endereço? – a atendente do hospital perguntava sem sequer tirar os olhos do papel à sua frente.
- Sítio das Flores.
- Onde fica?
- São José da Mata.
- Nome do pai?
- Sei não senhora.
Foi a única vez em que a atendente levantou a vista para olhá-la mas não passou de alguns segundos.
Ela não estava mentindo, não sabia mesmo o nome do infeliz que lhe engravidara mas não porque ela fosse dessas que vivem fazendo essas coisas por aí. Na pobreza quase miserável da casinha, a mãe e os irmãos ocupavam-lhe todo o seu tempo e sua energia, não tinha amigas. Ela era virgem, nunca tinha tido um namorado nem mesmo dado um beijo em ninguém. Pra falar a verdade, nem sabia direito o que era um simples beijo no rosto. A sua vida sofrida não resguardara momentos de carinho e afeto entre os tantos irmãos. Era uma verdadeira competição, uma disputa diária por mais um dia de vida, mesmo ela sendo tão desgraçada.
Mas um dia apareceu por aquelas bandas um rapaz bonito, entregando umas compras feitas no armazém do seu Joca. Ele parecia ter uns vinte anos, estava numa moto, parou para pedir informações e achou simpática aquela garota tão novinha mas com olhos tão profundos, como se pudesse abarcar o mundo com eles.
Deu-lhe um sorriso e agradeceu-lhe a informação. Saiu, deixando para trás um jovem coração estremecido, violado na sua inocência, desperto pelo calor da puberdade que queimava-lhe o peito.
Depois daquele dia, uma vez ou outra, o rapaz passava de moto pela frente do sítio, devagar, olhando com a esperança de revê-la, e por mais de uma vez a viu desdobrando-se em cuidados com os irmãos pequenos, arrancando mato do pequeno e seco roçado, ou simplesmente sentada no batente da porta, com o olhar jogado ao léu.
Numa dessas vezes ele decidiu parar. Buzinou. Ela olhou-o intrigada e foi até ele. Mal falaram-se. Ele perguntou se ela queria dar uma volta. Ela olhou em volta e depois assentiu. Subiu na moto meio sem jeito e pôs os braços em volta dele, sentindo o contato queimar sua pele e incendiar seu peito.
Ele deu a partida e foram em frente. Ela experimentava uma sensação estranha, como se fosse uma folha solta na brisa da tarde e começou a rir. Ele achou graça de sua alegria e riu também. Os dois seguiram rindo e divertindo-se um com o outro, até que ele parou em uma campina afastada.
Desceram da moto e sentaram-se no chão. Ele não tinha mais que alguns biscoitos mas dividiu com ela. Enquanto ela comia ele ficou a observá-la. O vento soprava de leve o seu cabelo ondulado e uma mecha insistiu em pousar no seu rosto. Ele afastou-a com a ponta dos dedos. Ela estremeceu. Olhou-o nos olhos e o que viu ali a surpreendeu. Não sabia se tinha medo ou se gritava de alegria, sabia apenas que era intenso o suficiente para deixá-la sem fôlego.
Ele tomou seu rosto entre as mãos e beijou-a. A princípio ela não sabia o que fazer mas a natureza sabiamente a conduziu. Entregue aos carinhos do rapaz, ela não imaginou outra maneira de se sentir tão querida, tão desejada.
Aquilo acontecera outras vezes, sempre assim, chegavam silenciosos e se amavam, depois iam embora, sem conversa. Até que um dia a mãe a achou com a barriga um pouco inchada e, desconfiada, passou a vigiá-la até descobrir os encontros.
O rapaz pediu demissão do armazém e desapareceu no mundo. Ela ficou sozinha, largada num canto da casa a ouvir as lamúrias da mãe de que não bastava ter seis bocas para alimentar e já lhe trariam mais uma.
Ela fazia o que podia para ajudar na casa mas a miséria era grande. Quando a barriga começou a atrapalhar os afazeres, passou a sentir-se realmente um estorvo.
Ontem começou a sentir as dores do parto. Conseguiu uma carona e foi sozinha para a maternidade pública de Campina Grande. Nem falou com a mãe e nem deixou bilhete, até porque não sabia ler nem escrever.
- Fez o pré natal?
- Fez o quê? Natal? Não, num foi no Natal.
- Perguntei se foi a algum médico para acompanhar a gravidez, se fez algum exame.
- Fui não, senhora, nem fiz exame de nada não.
A atendente suspirou, sacudindo a cabeça para os lados. Mais uma, pensou.
Separou os papeis e passou para a assistente social.
A dor apertou mais. Ela gemeu baixinho, como quem teme incomodar o outro com seu próprio sofrimento.
A assistente social apareceu, olhou a ficha e chamou-a para uma sala.
- É verdade o que você disse na entrevista?
- É, sim senhora.
- Tem certeza disso? Talvez se arrependa.
Ela gemeu mais alto, quase um uivo.
- Vou encaminhá-la à sala de pré-parto. Quando a criança nascer voltaremos a conversar.
Maria foi levada para uma sala onde havia outras mulheres aguardando a sua hora. Se a dor do parto era a única que ela ainda não conhecia bem, então tiveram toda uma noite para estreitarem laços. Apenas no início da manhã seguinte ela foi encaminhada para a sala de parto.
Estava sozinha, doída, machucada e ainda tinha que fazer força para que aquela criança pudesse vir ao mundo. Entre contrações, gritos e choro, o bebê nasceu.
Ela fechou os olhos assim que ouviu o choro da criança.
- Eu num quero vê o neném.
- Nem quer saber se é menino ou menina?
- Num precisa, num quero.
- Que mulher sem coração. – sussurrou a enfermeira para a médica.
Maria apertava os olhos com tanta força que eles doíam. Não queria ver o bebê, nem mesmo saber o sexo. Temia passar o resto da vida procurando um menino ou uma menina nos rostos de todas as crianças que encontrasse. Temia sonhar com ele. Alguém a chamando de mãe e cobrando-lhe todas as coisas bonitas que uma criança deve ter e que ela nunca poderia lhe dar.
Virou o rosto e chorou em silêncio, sentindo em seu peito uma dor diferente das que já conhecia, uma mistura de saudade e desgosto por um futuro que não podia lhe pertencer simplesmente porque o passado já o havia condenado e o presente se calara.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Prêmio Literário Cidade do Funchal - Portugal

A Câmara Municipal do Funchal lançou o Prêmio Literário Cidade do Funchal Edmundo de Bettencourt - 2011, este ano dedicado à poesia.

Acessem o link http://www1.cm-funchal.pt/index.php?option=com_jdownloads&Itemid=259&view=finish&cid=1447&catid=156 e conheçam o regulamento.

sábado, 5 de março de 2011

Microconto 1 - Despedida

Da janela, ele sorriu tristemente. Não restava mais nada a dizer. Nos olhos dela o trem se refletia, os vagões passando, céleres, até sumirem de vista.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Cheiro de amor

(fiz esse poema há mais de vinte anos).

É bom sentir
teu aroma,
teu cheiro
brejeiro
que me deixa arrepiada,
entorpecida,
que espalha no ar
um cheiro de vida,
de terra molhada,
de chuva na estrada
empoeirada.
Cheiro de amor
sensual, atrevido,
ativo, inquietante
que invade as narinas
à espreita, palpitantes,
do odor já ouvido
pelo ar, sussurrante...
Teu cheiro diz coisas delirantes.

Pedro Noite


Ontem eu ganhei um presentão: o livro Pedro Noite, de Caio Riter. Com belíssimas ilustrações de Mateus Rios, a história do menino que não compreende o porquê de ser diferente nos encanta desde as primeiras palavras. Pedro vai aprendendo a reconhecer a beleza de sua cor de noite e de seus olhos de estrela e percebe a riqueza de sua origem. Sem dúvida, uma história para encantar corações.